Bairros e ruas de nomes como Fonte da Saudade, dos Oitis, das Acácias ou Travessa dos Poetas de Calçada, como existem no Rio, são um presente a seus moradores. Em qualquer cidade, deve fazer um bem danado à alma morar ou simplesmente conviver com lugares de nomes tão inspirados. Tirante esses, muito raros, vivemos em meio a centenas de ruas com nomes de generais, desembargadores, professores e doutores sobre os quais temos pouca ou nenhuma informação. Meu pai achava que em todas as placas com nomes de pessoas deveria haver dados concisos sobre, no mínimo, a importância delas para a nossa história e em que época viveram. Tipo “Rua Dr. Beltrano – Descobridor da vacina tal – 1899-1968”. Uma pequena reforma que poderia ser levada em conta, mas meu pai morreu com 89 anos sem ver isso acontecer. Se é para conviver com nomes de ilustres desconhecidos, melhor e mais prático numerar as ruas, como em NY, com menos chances de nos perdermos pela cidade. Nós e os turistas.
Não é o caso de reformar por reformar. Estas, quando ocorrem, se parecem com a relativamente recente na área de Educação, quando se trocaram as denominações de 1o, 2o e 3o Graus, tão práticas, para Ensinos Fundamental, Médio e Superior. Bem mais imponentes, sem dúvida. Quem sabe se com essas novas designações, o ensino brasileiro deslancha e fica sério de uma vez por todas? Mas mexer no currículo dos cursos, reformá-los de acordo com as novas necessidades e com o novo perfil das crianças e adolescentes brasileiros, isso nem pensar. Aí já seria pedir demais.
Reforma verdadeira, seja qual for, sempre tem um preço. Em geral se abre mão de uma situação inútil mas confortável, familiar e sem mistério. Mudar parâmetros e paradigmas ou apenas o ângulo de onde se vê uma situação é, muitas vezes, arriscado e doloroso, mas quase sempre útil e gratificante para quem experimenta a mudança. Por exemplo, aprender de uma vez por todas (será?) a pesar mais as palavras antes de ou em vez de explodir impulsivamente, reclamar menos e agir mais, não achar que relação afetiva é sinônimo de posse e controle total e outras igualmente difíceis de se realizarem. Reformas aparentemente pequenas, mas importantes pelas mudanças que provocam no dia-a-dia de nossas vidas.
No fim do túnel da reforma, lá está um cenário diferente, com uma luz nova, perfumes até então desconhecidos e uma sensação de triunfo, pessoal e intransferível, por se ter conseguido superar este ou aquele obstáculo, antes considerado de-fi-ni-ti-va-men-te intransponível. Sorria, você passou para o outro lado do túnel!