Para começar de forma bem honesta nosso convívio neste espaço, caro leitor, é bom que eu tente explicar como vim parar aqui. É claro, eu adoro futebol. Melhor, amo. Sua imprevisibilidade e as emoções que desperta.
Até aí, nenhuma novidade. Muitos outros são tão ou mais aficionados do que eu. Muitos também cursaram ou cursarão a faculdade de Jornalismo por gostarem de futebol ou de esportes em geral. Mas não me interessa apenas noticiar o resultado de uma partida ou como cada time está montado para a disputa do próximo campeonato.
Esse é o meu trabalho – adorável, não há nada melhor do que ver o evento esportivo do lado de dentro. Mas eu quero mais. Quero saber muitos porquês do futebol.
Quero saber porque se mata em nome de uma paixão clubística. Lendo “Como o futebol explica o mundo” (de Franklin Foer, Jorge Zahar Editor), já sei que a arquibancada é só mais um espaço de expressão de determinados grupos sociais. Isso é assunto para a Sociologia, então. E para a Psicologia, afinal, quem obscurece sua personalidade em nome de uma facção (leia-se torcida organizada) não pode bater bem. A Antropologia também explora o futebol, que o diga Roberto Damatta. E posso garantir que meu esporte preferido me ajudou bastante no aprendizado de Geografia e História. Por exemplo: só fui questionar por que não há negros na Argentina depois de perceber que a seleção de futebol deles não os tem. Descobri na quarta série que havia uma cidade chamada Eindhoven, na Holanda, porque o Romário jogava lá.
Quais são os requisitos para um estrangeiro se naturalizar? O futebol me contou. Quando me interessei pela primeira vez em saber quanto vale um dólar? Transferência de craque brasileiro para a Europa. Por que eles vão pra lá? A Europa é mais rica do que o Terceiro Mundo. Ah...
Tem mais. Meu gosto musical não é tão apurado, mas Jorge Benjor e Chico Buarque podem falar por mim, com a riqueza de suas letras sobre bola rolando. Falando em arte, o cinema vai conseguindo aos poucos reproduzir com fidelidade uma partida de futebol - culpo-me por ainda não ter assistido "O Milagre de Berna", mas recomendo de olhos fechados.
Minha mais recente curiosidade está nas cores. A origem delas em cada equipe e principalmente a repulsa que causam no rival. Jogador do Corinthians usando roupa verde em público ganha bronca. Papai Noel de gremista veste azul. Outro assunto que me intriga é que o brasileiro não é quem mais gosta de futebol, apesar de se gabar disso. O europeu é fanático e consome futebol - ingressos caros, camisas oficiais, livros, DVDs comemorativos, jornais, revistas... Tudo bem, o futebol nasceu lá. Mas a média de público da Liga norte-americana é maior do que a do Campeonato Brasileiro!
Bom, já viu que assunto não vai faltar. E percebeu porque estou aqui. Para olharmos o futebol - e outros esportes, por que não? - com outros olhos. Até a próxima!
Fernando BH é editor das revistas de esporte da Editora Alto Astral (publicadas com o selo Playoff Editora) e comentarista do programa 'Ritmo do Esporte', da 94FM. Também faz reportagens e edição da 94FM Revista. Natural de Ituiutaba-MG, chegou a Bauru em 1999 para cursar Jornalismo na Unesp.
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