A chuva fininha molha o violão do cego. Sentado na escadaria da igreja, ele canta toda a tragédia da vinda pra cidade grande. Não veio por gosto, e sim por desespero, atrás da amada que fugiu e deixou bilhete: vou para o Sul. Por favor, me esqueça.
A chuva, já forte, inunda o chapéu do cego, que ele pega, e não achando ali moeda nenhuma, sai dizendo...
Quando o povo que passa
não pára pr’ouvir d’onde venho,
é só Deus quem me paga,
preenchendo com água
o vazio do amor que não tenho.
E-mail: lbrasiliense@uol.com.br