Não convidou ninguém para formatura. Espantou os fotógrafos que pareciam urubus nos formandos e almejavam ganhar alguns trocados. Os flashes incomodavam os olhos e os risos e as conversas altas faziam zumbidos insuportáveis, deixando-o confuso. Quando terminou, saiu como fantasma e andou por horas.
Cansado, sentou num banco da praça. O celular tocou:
– Lúcio, pode ir ao supermercado comprar salsicha e pão? A sua irmã quer comer cachorro-quente. Como foi a colação de grau? Queria ter ido...
– Mãe, não ligo para estas coisas cafonas, sabe disso. Pode deixar que irei ao supermercado.
– Filho, torço para que um dia encontre algo que lhe dê tesão e o salve desta apatia que tem desde criança... Ah! Não esquece do refrigerante.
– Certo.
Ficou sentado por alguns minutos, observava o fim de tarde. "Que lindo, o céu está rosado".
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