I
Outro dia, apareceu-me lá no consultório, pelo meio da tarde, um tal Silvério. Minha clientela geralmente é fixa, não por outra coisa, senão pelo detalhe de a minha agenda viver lotada. Para dizer a verdade, tenho consultas marcadas para os próximos seis meses. Por isso mesmo, quando surge algum novo paciente, é natural alimentar uma certa curiosidade. Contudo, quando ele entrou, ambos não pudemos evitar boas risadas. O fato é que já nos conhecíamos, embora não tivéssemos ligado nossos nomes às respectivas pessoas. Eu o tinha por Silva e ele me tratava por Doutor Juca. São esses os apelidos pelos quais costumam se dirigir a nós, inclusive no edifício onde moramos, coincidentemente no sétimo. Não era para rir? – “Então o nome do senhor é João Carlos? Puxa, poderia ser Joca, não é? “ Bem, claro que, em meio a outras risadas, expliquei a ele que aquilo era coisa de família, apelido dado pelo avô, enfim, esses pormenores de pouco interesse a este caso. Depois de a poeira baixar, a surpresa ficando para trás, passamos a conversar o que realmente cabia a um médico e um paciente. (mais…)