Archive for outubro, 2007

Sofredor – Texto de João Pedro Feza

quarta-feira, outubro 31st, 2007

Angústia em estado televisivo: rotina de corintianos. Como eu. Mas vamos botar o preto no branco: agora, com a fatura decidida a favor do Tricolor, o (ex) Timão é a graça de tudo.

Diz que o cara, corintiano, chegou em casa e cobriu a mulher de pancada. Só porque ela usava um tomara-que-caia.

Muitas piadas ainda virão. Mas o fato, agora, é que o Corinthians monopoliza as atenções de todas as torcidas. (mais…)

Rachaduras – Texto de Reinaldo Chaves

segunda-feira, outubro 29th, 2007

Parte 1

Na viagem de volta Heitor percebeu que havia esquecido suas chaves. Ele estava na estrada já, dentro de um ônibus, não havia como voltar para pegá-las. Apesar de ficar irritado com o esquecimento a melhor opção que ele percebeu foi relaxar, já estava suficientemente cansado com a estrada péssima e seu assento apertado. Por morar sozinho algum chaveiro cuidaria de abrir sua casa ou ele dormiria na casa de algum conhecido por aquela noite. (mais…)

Vozes do Deserto, de Nélida Piñon – Texto de Dudu Oliva

domingo, outubro 21st, 2007

“Os contos das Mil e uma noites povoaram a imaginação de sem-número de leitores que, pendentes dos narradores, ansiavam para saber o que riria acontecer com Simbad e Zonaide e, com o mesmo fôlego curto, temiam pela sorte de Scherezade entregue ao capricho do mais cruel dos ouvintes.” ( escritor Alfredo Bosi)

Antes de falar sobre o romance que acabei de ler – Vozes do Deserto (Record, 2005), contarei brevemente uma lenda oriental – UMA FÁBULA SOBRE A FÁBULA. (mais…)

Dores nas costas

domingo, outubro 21st, 2007

I

Outro dia, apareceu-me lá no consultório, pelo meio da tarde, um tal Silvério. Minha clientela geralmente é fixa, não por outra coisa, senão pelo detalhe de a minha agenda viver lotada. Para dizer a verdade, tenho consultas marcadas para os próximos seis meses. Por isso mesmo, quando surge algum novo paciente, é natural alimentar uma certa curiosidade. Contudo, quando ele entrou, ambos não pudemos evitar boas risadas. O fato é que já nos conhecíamos, embora não tivéssemos ligado nossos nomes às respectivas pessoas. Eu o tinha por Silva e ele me tratava por Doutor Juca. São esses os apelidos pelos quais costumam se dirigir a nós, inclusive no edifício onde moramos, coincidentemente no sétimo. Não era para rir? – “Então o nome do senhor é João Carlos? Puxa, poderia ser Joca, não é? “ Bem, claro que, em meio a outras risadas, expliquei a ele que aquilo era coisa de família, apelido dado pelo avô, enfim, esses pormenores de pouco interesse a este caso. Depois de a poeira baixar, a surpresa ficando para trás, passamos a conversar o que realmente cabia a um médico e um paciente. (mais…)

O cofre (ou tudo que é pesado cai no pé) – Texto de Otávio Nunes

quinta-feira, outubro 18th, 2007

O velho senador acorda cedo e abre a janela de sua mansão. Sente-se
rejuvenescido com os primeiros raios de sol e o ar fresco e perfumado
exalado do seu vasto jardim. Tanta felicidade o incita a proferir um discurso em louvor da natureza, mas nada diz por absoluta falta de quorum na sua casa. A empregada deve chegar em pouco. Enquanto isto, senta-se a sua escrivaninha para ler o jornal. (mais…)

Apologia da força – Texto de Leonardo Brasiliense

sexta-feira, outubro 12th, 2007

Maria empurra o dia todo uma carroça de papeleiro. Empurra o dia, empurra a semana, o resto da vida.

E-mail: lbrasiliense@uol.com.br

Assassina – Texto de Thiago Roque

domingo, outubro 7th, 2007

Ela perdeu duas horas no cabelereiro, passou no shopping para pegar um novo salto agulha.
Não esqueceu a maquiagem da moda, o esmalte preto nas unhas, a calça de lycra que deixava a bunda redonda e empinada.
Afinal, a noite era dela. E ela ficava muito bem com sangue nas mãos. (mais…)

ele – Texto de Thiago Roque

sábado, outubro 6th, 2007

Ele não sabe o que é amar.
Não, senhor. Não faz a menor idéia.
Pobre diabo. Nunca chegou perto. Jamais teve fagulha deste bem-querer.
Justiça seja feita: tentou, uma única vez. Passou longe. Gosto de bolacha amanhecida.
Cuspiu. E cerrou as portas. (mais…)

Decadência – Texto de Dudu Oliva

quinta-feira, outubro 4th, 2007

No final da tarde os corredores fedem a mijo; os livros da biblioteca são consumidos por traças e cupins. Quando a noite chega, muitos se apressam para ir embora: a escuridão do campus dá medo, lâmpadas não funcionam, o prédio inacabado se parece com ruínas. Às vezes, quando venta, seu ruído compõe ainda mais o cenário deprimente - mesas e cadeiras quebradas, ora pelo tempo, ora por vândalos; às seis horas da tarde, a faculdade se transforma num cemitério, cenário angustiante que se diluiu no cotidiano e que não choca mais ninguém.

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

Sem foco – Texto de Dudu Oliva

quarta-feira, outubro 3rd, 2007

Música bonita, não sei quem canta; preciso tomar o remédio; estou com um livro do Cortázar, mas não consigo me concentrar; a monografia de final de curso, nem tenho idéia do que vou fazer; o médico da emergência que me atendeu no sábado é muito grosso, ora bolas, se fui ao hospital era porque não estava me sentindo bem, disse que a emergência só era para casos graves, fui lá para quê? brincar de amarelinha? (mais…)