Archive for fevereiro, 2008

Indomáveis – Texto de Dudu Oliva

segunda-feira, fevereiro 18th, 2008

Meus pensamentos são como estes dois cavalos selvagens que galopam destemidos ao lado da cachoeira. Escrever é uma forma de domá-los, mas muitas vezes são velozes e não consigo acompanhá-los. Acalmem-se! Fazem muito barulho com suas patas na minha cabeça. Nunca atendem meus pedidos. (mais…)

Hífens, acentos e vaidades

quinta-feira, fevereiro 14th, 2008

São oito os países lusófonos. A maioria deles ainda consegue se comunicar sem intérpretes, mas na escrita… ah, na escrita… como divergem! Mesmo assim, alguns autores do país da língua original não permitem que sua obra tenha vocabulário e ortografia adaptados quando é publicada nos outros sete países lusófonos. Defendem a idéia de que a língua é a mesma e as eventuais divergências ortográficas e semânticas são um reflexo das diferenças culturais, importantes no universo literário, e ninguém vai morrer se tiver que consultar o dicionário meia dúzia de vezes, ou mais, durante a leitura. (mais…)

Memórias – Texto de Dudu Oliva

quinta-feira, fevereiro 14th, 2008

“Disse-me, uma vez, que ouviria melhor suas palavras quando não estivesse mais aqui. Hoje, vivem em mim. Você não é só lembranças ou um dado da minha biografia. É um ser fictício que imaginei nas minhas fábulas íntimas. Uma amiga me contou que quando saímos de casa ou nos separamos das pessoas próximas, congelamos o momento que se viveu até a partida. Tenho medo de você não ser o que registrei nas minhas memórias verdadeiras e imaginadas."

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

Bem-vindo a bordo – Texto de Lucius de Mello

quarta-feira, fevereiro 6th, 2008

“Tenciono passar muito tempo na fazenda assim que

chegar e espero na volta para cá trazer muito assunto

brasileiro. (…) Não pensem que essa tendência

brasileira em arte é mal vista aqui. Pelo contrário.

O que se quer é que cada um traga contribuição de seu

próprio país. Assim se explicam o sucesso dos bailados

russos, das gravuras japonesas e da música negra.

Paris está farta da arte parisiense.”

Tarsila do Amaral, dezembro de 1923.

Você tem fome de Arte? Então não deixe de provar deste prato: Tarsila do Amaral. A musa do modernismo e uma das criadoras do movimento antropofágico pode ser saboreada com tâmaras e temperos turcos, iguarias do oriente, receitas francesas, condimentos típicos das Minas Gerais e, claro, especiarias irresistíveis típicas do cardápio caipira. Afinal, Tarsila nasceu na fazenda São Bernardo, em Capivari, interior paulista, no dia 1o de setembro de 1886. (mais…)

O poste – Texto de Leonardo Brasiliense

terça-feira, fevereiro 5th, 2008

Em momento algum o tráfego parou, ou qualquer pessoa deu importância àquela mulher na esquina. Vestia um traje militar desbotado, não usava os coturnos, mas tamancos sem cor definida. Empunhava uma sombrinha com estampa de beijo, e ninguém a via. Ninguém notara a presença da mulher ali desde a manhã. (mais…)

A máscara de Fany

sábado, fevereiro 2nd, 2008

Às sete, quando a claridade do dia já se dissipava em meio aos sobradinhos grudados da rua estreita, Mademoiselle Fany ergueu-se da cama, quase num bote, como alguém prestes a perder um horário importante. Foi à janela e com os dedos pequenos alargou os vãos entre as lâminas para olhar embaixo. Havia ainda um silêncio bem próprio daqueles instantes entre a tarde e a noite. Um ou outro pedestre, feito sombra, circulava pelo calçamento vazio. Um alívio passageiro a assaltou antes que ela novamente se aborrecesse com o atraso. Tirou os olhos do movimento lá fora e entregou-se a um banho não muito demorado. Então, dentro de um robe de chambre, ocupou-se de seu apronto. (mais…)