O porta-retratos tem uma vinheta banhada a ouro sobre madeira lisa. 21 x 14 cm. A fotografia colorida não engana: não era bonita nem feia, a mulher de testa pequena, sobrancelhas grossas, olhos difíceis de interpretar. Tinha ali uns trinta anos, morreu aos quarenta e dois. (mais…)
Archive for fevereiro, 2009
Flash! – Texto de Leonardo Brasiliense
quinta-feira, fevereiro 26th, 2009mandamentos de uma mente confusa – Texto de Thiago Roque
quinta-feira, fevereiro 19th, 20091. vomitar desilusões assim que surjam
2. não ter vergonha de dar risadas tortas
3. cantar melodias cegas
4. rascunhar palavras surdas
5. não distribuir sorrisos homeopáticos (mais…)
Senhor da memória
quarta-feira, fevereiro 18th, 2009Diferente dos outros da aldeia, não jogava as velhas máscaras no rio; guardava-as cuidadosamente. Quando o visitavam, narrava episódios do passado.
E-mail: dudu.oliva@uol.com.br
Menino deitado no pasto
segunda-feira, fevereiro 16th, 2009O primeiro brilho da noite jovenzinha despontou lá pelos lados das paineiras ainda verdes manchadas dos fiapos brancos do algodão que escapa. Está mesmo entre o tronco e uma galhada longa que inibe a pobre amarelinha ao pé da árvore grande. É lá. Surgiu agora há pouquinho, enquanto esticávamos sobre a pastagem nossos sacos de estopa. Eta, mas que noite calorenta esta aqui. O rumor do brejo lá embaixo sobe como se pedisse o favor duma brisa, aquelas rãs todas e seus sapos preguiçosos chiando por conta de tantos grilos afoitos. Valha-me Deus, Tio Franco, e esses besouros? Mais acima, dentro da sala de porta entreaberta, a chama do pavio ensopado do lampião serpenteia de leve, numa calmaria extrema. Venha cá, Tia Rita. Mas ela não vem. A Tia Rita deitada na grama, quem pode com isso? Mas nem a cadeira ela traz, como antes. Só me sento, menino, só me sento. Agora nem me dá resposta. (mais…)
Melhor ou pior? Mais ou menos?
segunda-feira, fevereiro 16th, 2009Está insuportável ver nos jornais, nos portais de informação da internet e nas emissoras de televisão as comparações que levam em conta a performance econômica de certos períodos: “Crescimento mundial é o menor em 60 anos”; “Indústria tem o quarto pior trimestre desde 99”; “PIB é o menor de não sei quantos semestres”; “Crédito é o maior em tantos anos”, “Economia dos EUA é a pior desde Mickey Mouse”. (mais…)
Definição da beleza
segunda-feira, fevereiro 16th, 2009
Escritores, filósofos e pensadores já escreveram tantas teorias sobre a beleza que elas muitas vezes se abraçam nas esquinas das idéias ou simplesmente tomam rumos paralelos e jamais se encontram. O caso é que a beleza, mais do que propriamente intrínseca à subjetividade, é algo superior à própria capacidade de o homem imaginar as formas que a constituem. E, por conseqüência, indefinível sob um ponto de vista concreto. (mais…)
Agonia e êxtase de uma avó
terça-feira, fevereiro 10th, 2009
São ondas de preocupação e alegria que se revezam quando você se vê como avó, principalmente se for de primeira viagem. Nasceu: que maravilha! E tome de lágrimas de emoção. Passa bem: graças a Deus! Perdeu peso: é assim mesmo logo que sai da barriga, não se preocupe! Pegou o peito, o mamilo está machucado, recolhe o leite para dar depois. Está chorando: nossa, é uma fera! Está dormindo: olha só, parece um anjinho. (mais…)
Palavras inteiras; braço forte
terça-feira, fevereiro 10th, 2009Sempre tive dificuldades com simbologias, mensagens cifradas, coisas subliminares e por aí vai. Pra mim, o dito popular “meia palavra basta” não serve. Eu gosto mesmo de palavras inteiras, de mensagens explícitas, de clareza. Às vezes, chego a incomodar com este meu vício: “o que isto significa?”, “o que você quer dizer?” (mais…)
O cansaço do Rio
domingo, fevereiro 8th, 2009Para cada passeio deslumbrante pelo bondinho do Pão de Açúcar, uma bala perdida ao pé do Pão. Para cada visita ao Cristo Redentor com direito a uma panorâmica do Rio de tirar o fôlego, um assassinato bem ali, seja a vítima brasileira ou estrangeira, não faz a menor diferença para quem aperta o gatilho. Para cada poesia que a Lagoa Rodrigo de Freitas inspira com seu espelho, o choque de saber que a tranqüilidade dos passantes não existe mais, com uma tragédia à espreita em cada curva. (mais…)
Afogado em números – Texto de Otávio Nunes
quinta-feira, fevereiro 5th, 2009Esta historinha idiota começou quando troquei de carro. Na negociação com o vendedor, dei meu veículo velho como entrada e completei o restante com minhas economias. Saí todo feliz da vida ao volante do meu carro novo, embora usado. Logo depois parei no posto para colocar gasolina, pois as lojas têm o costume besta de vender carro com pouquíssimo combustível. (mais…)