Quando nos mudamos, no início da década de setenta, para a propriedade rural de meu avô materno, jamais poderíamos imaginar como seria dramática aquela primeira semana que marcou para sempre nossas vidas. Fomos para o campo cumprir o que se estabelecera tão logo o vovô desistiu de continuar. Deu-se assim: brigando sem queixar-se há cinco ou seis anos com uma interminável seqüência de cânceres, ele cansou-se, mandou chamar as duas filhas, os genros e os netos, anunciou seu fim iminente e foi deitar-se, como se a morte o esperasse na cama, onde, aliás, encontrou-a poucas horas depois. A probabilidade do acontecimento já havia feito com que meu pai e meu tio tomassem a decisão de seguir com a fazenda de médio porte, uma boa produtora de café e melancia. Assim, três ou quatro dias após o enterro, juntamo-nos à vovó. (mais…)