Literatura

Os grandes veículos de comunicação – principalmente os jornais, onde a literatura se encaixa bem – costumam dar pouco espaço aos chamados novos autores. Não sei se isso é reflexo do comportamento do público ou se o público reflete a postura dos jornais.

Exemplo: Leonardo Brasiliense é um escritor gaúcho que já faturou um prêmio Jabuti, o mais importante da literatura nacional. Foi com o livro “Adeus conto de fadas” (Editora 7 Letras – 2006), dirigido ao público infanto-juvenil. Fora essa obra, Leonardo tem várias outras publicadas. Mas não o vejo nas páginas de literatura dos jornais.

Clique aqui para acessar o site dele

Agora, Leonardo lança mais um livro: “Whatever” (Editora Artes e Ofícios, de Porto Alegre). São dez contos em 128 páginas. A narração é feita por um jovem (João Pedro) de classe média que não vê mais sentido na vida. Ainda não li porque não o encontrei nas livrarias do interior de São Paulo, mas vou comprá-lo pela internet ou na cidade de São Paulo.

Se eu conheço razoavelmente (pelos outros livros) a sensibilidade e a capacidade de envolver o leitor de Leonardo, esta será, sem dúvida, mais uma belíssima obra.

Para quem quiser um aperitivo, publico aqui um pequeno trecho:

Bons tempos
Era difícil o tempo todo.
Mas acordar cedo nunca me incomodou, eu dormia bem. Vi
num documentário na TV que a gente sonha quando o sono é superficial, no sono profundo não há sonhos. Então era por isso que eu dormia bem, porque nunca sonhava. Sempre ria quando ouvia as pessoas dizendo que “temos que perseguir nossos sonhos e torná- los realidade”. A minha realidade era que eu não sonhava.
Depois dizem que a gente só vê bobagens na televisão.
Sim, eu sei, eles falam “sonho” em outro sentido. Tudo bem. Mas eu não sonhava. E se sonhasse, não seria mais fácil. Acho que seria até mais difícil. Minha vida era mesmo uma flor.(1)
Quando era mais novo, tinha a sensação de que se tivesse
nascido em outro lugar, com tudo diferente desde o início, eu não sentiria esse vazio. Daí aconteceu alguma coisa, não lembro quando nem o que foi, mas aconteceu alguma coisa que me fez pensar...

(1) Por razões editoriais, não se escreve palavrão em livro juvenil, embora você leitor conheça todos desde criancinha. Assim, toda vez que aparecer a palavra “flor”, entenda ali o palavrão mais adequado à situação. Malditos tempos do
“politicamente correto”!

Responsabilidade

Está no Portal Imprensa: “A defesa de Suzane Von Richthofen, condenada a 39 anos pelo assassinato dos pais, entrou com ação por danos morais na 2ª Vara Cível de São Paulo contra a Editora Três, responsável pela revista IstoÉ. O advogado de Suzane, Denivaldo Barni, contesta reportagem publicada pelo semanário em 2006.” (Para ver a matéria completa no Portal Imprensa, clique aqui).

Claro que não sei quem está com a razão nesse caso específico. A Justiça é que dirá. Mas nem é essa a questão. Só cito o caso aqui porque me lembro de fazer o seguinte comentário:

Frequentemente veículos de imprensa e jornalistas são levados à Justiça por pessoas que se julgam vítimas das publicações. É um direito do cidadão. E também um alerta para todos que trabalham com jornalismo. O equilíbrio, o senso de responsabilidade e os cuidados com os nomes (sejam pessoas, instituições, empresas etc etc) envolvidos devem estar sempre acima de qualquer projeto jornalístico e de qualquer estilo ou perfil de quem escreve.

Há muitos exemplos de casos em que nada era o que parecia ser. Não é difícil veículos e profissionais avançarem o sinal em nome do furo, da notícia vibrante, da ousadia e por aí vai. Uma notícia ou uma opinião bem fundamentada e cuidadosa também pode ser ousada e vibrante. De nada adianta causar furor hoje e ver tudo enlameado amanhã. Principalmente porque a lama jogada sobre envolvidos inocentes dificilmente poderá ser totalmente retirada um dia.

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