Ao andar pelas ruas de São Paulo coalhadas de gente, fico pensando em quantos sonhos, frustrações, felicidades, desejos, amores e ódios, sensações e sentimentos, circulam nestes ares tão plurais.
A minha sensação no meio dessa gente toda é de eternidade. Eternizamos uma presença multiforme como num templo ecumênico erguido em dimensão inextinta. Compomos um concílio onde a mistura de religiosos e ímpios nos torna mais humanos.
Aqui, onde a grande serpente de ossos e carnes rasteja em meio às preces dos motores, constitui-se uma curiosa zombaria ao Deus onipresente. Aqui, não há quem esteja em todos os lugares. Mas todos os lugares estão aqui.
E assim, meu sentimento não é um só. São muitos. Dividem-se. Multiplicam-se. Confundem e alimentam o que ainda resta de mim.