Por que às vésperas de todas as Copas o torcedor brasileiro “briga” com o técnico da seleção em defesa de um (ou mais) jogador que está comendo a bola? A história é rica quando resgata as polêmicas desse velho embate.
Nesse caso, a bola da vez foi o Neymar. Também pediram o Ganso. Eles são os sucessores de Romário (não convocado por Felipão em 2002), Neto (deixado de fora por Lazaroni em 1990) e de uma lista razoável de craques considerados injustiçados.
Mas a resposta é simples. Essa divergência ocorre porque ao torcedor não basta vencer. Ele quer ver espetáculo. E ao treinador (fora um ou outro), basta vencer, independentemente do espetáculo.
Por exemplo: foi ótimo ter sido tetra em 1994. Mas quer jogos mais chatos que aqueles (salvando-se o Brasil 3 x 2 Holanda)? Foi uma conquista que tirou o Brasil de uma indigesta fila de 24 anos, é verdade. Mas o futebol foi desse tamaninho!
Já quem viu a seleção de 82, por exemplo, não tem do que reclamar quanto ao espetáculo. Era um show atrás do outro, até que veio a Itália, com aquele futebol pragmático, e botou tudo por água abaixo.
Dunga está mais para 1994 do que para 1982, claro. O torcedor gostaria de poder somar as duas (conquista + espetáculo), como foi em 70. Mas isso quase sempre é impossível. A história das Copas está aí para provar. Quase sempre o futebol bonito é castigado.
Como não gosto de ficar em cima do muro, prefiro o futebol bonito e a possibilidade de uma conquista completa, que inclui o espetáculo, mesmo que em razão disso aumentem os riscos de uma derrocada. As derrotas também são capazes de nos fazer melhores.
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