A estreia do Brasil contra a Coreia do Norte nesta terça-feira é esperada por todo mundo como uma verdadeira barbada. Inclusive por mim. Não dá pra sair desse jogo sem uma goleada. Será?
A verdade é que, faz tempo, as estreias do Brasil em Copa do Mundo são um verdadeiro martírio. Em 2006, é fácil lembrar: um magrinho 1 a 0 na Croácia. Em 2002, ganhamos da Turquia com um pênalti roubado: 2 a 1, mesmo placar de 1998 contra a Escócia.
Em 1994, até que não foi dramático: 2 a 0 na Rússia. Mas em 1990, foi: 2 a 1 na Suécia. Nas Copas anteriores, rolou coisa ainda pior. Em 1986, o primeiro jogo do Brasil foi contra a Espanha. O juizão não deu um gol para a Espanha (ele não teria visto que a bola entrou pelo menos meio metro!). No fim, 1 a 0 Brasil.
Em 1982, Valdir Peres tomou um frangão contra a União Soviética e o timaço de Telê – uma das melhores seleções de todos os tempos – sofreu para virar e fechar o jogo em 2 a 1.
1978: que drama! Empate de 1 a 1 com a Suécia. E aqui o sofrimento ainda foi longe. No segundo jogo, outro empate: 0 x 0 contra a Espanha. A classificação foi chorada, no terceiro jogo, contra a Áustria: 1 a 0.
Em 1974, mesmíssima situação. Dois empates e a classificação só no finzinho do terceiro jogo.
Enfim, desde 1970, quando o Brasil meteu 4 a 1 na então Tchecoslováquia, que o Brasil não começa uma Copa voando.
O fato, entretanto, é que os números são apenas história. Não entram em campo. E nesta Copa a seleção tem a grande chance de arrancar bem, inclusive para apagar a má impressão dos outros jogos já realizados.
A sinfonia do futebol ainda não encantou na África. E, apesar do barulhão, as vuvuzelas não são as culpadas pela falta de afinação.
O melhor jogo
O primeiro bom jogo da Copa foi Itália x Paraguai. Eu achava que Holanda x Dinamarca seria um partidaço, mas nem passou perto. Os laranjas bem que se esforçaram, mas no final houve apenas um ensaio do que ainda podem mostrar na África. A Holanda deve ir longe. Ela sempre vai. Mas sempre cai.
Apesar do bom jogo, a Itália, como sempre, começou o Mundial com um placarzinho vagabundo. Mas é fato: eles se recuperam e ainda vão longe. Eles sempre vão. E quase nunca caem.
Uma impressão sobre Japão 1 x 0 Camarões. O pragmatismo, o futebol de resultados, parece ter chegado aos quatro cantos do planeta. Os japoneses fizeram 1 a 0 no primeiro tempo e resolveram trancar tudo no segundo. E conseguiram. Graças, principalmente, ao que os técnicos europeus estão fazendo com o futebol africano – extirpando a alegria de jogar bola e introduzindo a responsabilidade do resultado.
Asiáticos e africanos não são mais bobos, como diria o Galvão Bueno. Mas também não mostram mais nada de diferente.
Nesse caso, com o perdão do palavrão, seria preciso um apartheid: o futebol africano não deveria permitir sua mistura com técnicos europeus. Os africanos deveriam manter suas raízes, desse no que desse. É melhor perder com felicidade, moçada! E mais: ser colonizado duas vezes, pra mim, é um crime.
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