A morte de um dos maiores nomes da literatura mundial é um grande acontecimento. Um grande evento. Meu amigo Deco sempre me dizia – em nossas “noitadas filosóficas” - que a morte das pessoas quase sempre se torna um evento social. A morte de Saramago é um grande evento cultural. Dá voz mais forte a outros escritores, a personalidades da cultura, a nomes que geralmente ficam escondidos e só aparecem de tempos em tempos.
E a cultura, em geral, fica chiando - não chiando de reclamando, mas chiando como água na chaleira, esquentada, efervescente, espalhando-se por aí como um vapor a ser impregnado.
Vejo o Fernando Meirelles, que adaptou “Ensaio sobre a cegueira” para o cinema, dizer que “o mundo ficou mais burro e mais cego”. É, sem dúvida, uma bela frase. E, claro, é perfeitamente defensável. Uma inteligência mundial morre, o mundo empobrece. Mas será exatamente assim?
Podemos pensar também o contrário. Quando morrem, grandes figuras fortalecem suas imagens de ícones. Têm, digamos, um novo nascimento. Recebem uma atenção mais apropriada. Passam até a ser mais respeitadas. Claro que Saramago não precisou morrer para obter tantos créditos. Mas será que a partir de agora, com sua morte, mais gente não se interessará pelas suas ideias? Pelos seus escritos? Pelas suas polêmicas? Vejamos o que nos dirá a história.
Saramago tinha 87 anos. Foi decisivo para trazer ao debate importantes questões que interessam a todas as sociedades. Seus livros, seus artigos, suas entrevistas gravadas etc etc ficam. Tudo o que ele produziu ganha agora uma nova luz. E o mundo, assim como o ser humano, mesmo à morte, sempre tem a possibilidade de aprender mais.
Cuidado, grandões!
Eu não disse? Essa Copa tá esquisitona pra valer. Zebras do dia: Alemanha perde e Inglaterra empata. Até agora, dos grandões, só Brasil, Argentina e Holanda estão firmes. Ou quase.
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