Incessantemente, ininterruptamente, a água tombava sobre as casas, sobre o Largo deserto. Um ou outro urubu que ficava em riba da cumeeira ou alguns bem-te-vis que davam seus mergulhos, pegando as mariposas voejantes sobre os cupins. Nem almas-de-gato piavam. A erva crescia com viço extraordinário. Há poucos dias, quase não se notava o mato que chegava agora a esconder um boi. O caruru-de-porco, o fedegoso brabo, a erva-de-santa-maria cresciam com uma pujança de feitiço. Havia no ar um cheiro de verde, de coisa apodrecida, de semente germinando.
(Trecho de ”O Tronco”, livro de Bernardo Élis, José Olympio Editora, edição de 2003) (mais…)
Archive for setembro, 2010
A guerra e a poesia
sexta-feira, setembro 3rd, 2010Tenha modos, mocinha
quinta-feira, setembro 2nd, 2010A primeira e última vez que almoçamos juntos foi numa cantina simpática, de comida saborosa, como me haviam indicado. Antes, um potinho de azeitonas, que ele comia e cuspia os caroços, direto da boca para o prato, fazendo barulho. Chegaram os pedidos e, com a língua, ele ajudava a tirar a comida dos dentes. Falava enquanto mastigava e, justiça seja feita, eu até conseguia entender alguma coisa do que ele dizia. (mais…)