Hoje eu vou dizer tudo a você. Todas as coisas que me fazem perder o sono, me distrair ao volante, divagar enquanto tento concentrar-me no trabalho. Vou pegar o telefone, discar seu número e despejar meus segredos, minhas frustrações, meus sofrimentos. Minha saudade.
Não, acho que vou chamá-la no msn. Talvez seja mais seguro. Ao telefone, não sei como reagirei ao ouvir sua voz. Não sei se apenas seu “alô” não bastará para refrear meu ímpeto, embaralhar meus pensamentos. Posso travar. Sua voz de tantos momentos, de gemidos e sussurros, de queixas e brigas, de sossego e risadas, de inquietude e silêncio. Sua voz cravada na minha alma.
Sim, pelo msn é mais seguro. Estou do lado de cá. Não a vejo. Não a ouço. Minha coragem frágil se sustentará até que eu lhe diga tudo, ao contrário do que poderia acontecer caso eu a procurasse pessoalmente. Diante de você, sem telefone, sem msn, sem e-mail, sem as redes sociais, completamente despido da parafernália virtual, diante de você em carne e osso, eu seria apenas eu mesmo. E eu sou muito pouco perto de você.
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