Manifesto aos amigos

O que dizer aos amigos bem numa hora dessa?
Tenho medo de destoar. De que tudo se amolde mal.
De escorregar. De azedar. De adoçar.
É que todas as palavras soariam falsas ou piegas.
Todos os elogios cairiam no descrédito.
Todas as exclamações pareceriam evidentes.
Todos os obrigados seriam banais.
Todas as lembranças resvalariam no oportunismo.
Todos os sorrisos lembrariam disfarce.
Todas as lágrimas verteriam dúvidas.
Todos os abraços se fechariam cômicos.
Todas as bocas se abririam hesitantes.
Todos os beijos estalariam mortos.
Todas as emoções escapariam abruptas.
Todos os sentidos explodiriam insensatos.
Porque agora, bem por este agora, tudo em mim é gratidão.
É crueza. É pele em flor. É crença.

This entry was posted on terça-feira, agosto 2nd, 2011 at 18:28 and is filed under Crônicas. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. Both comments and pings are currently closed.

3 Responses to “Manifesto aos amigos”

  1. Ricardo Fela disse:
    2 de agosto de 2011 às 20:06

    Lindo texto, ABC! Estamos aqui para o que der e vier. Fique tranquilo. Tudo sempre acaba bem.

    Abraços!

  2. giedre moura disse:
    2 de agosto de 2011 às 20:35

    Lindo, ABC! mestre e amigo eterno. Sempre tão bom “ler” você.

  3. Luly Zonta disse:
    3 de agosto de 2011 às 20:47

    Márcio
    Quem cantava chorou ao ver seu amigo partir…
    Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu…
    bjão