“Senti o cheiro de merda já no meio da escada. Quando cheguei ao banheiro, a porta estava inteiramente aberta e, no chão do corredor, jaziam seu macacão e sua cueca. Dentro do banheiro papai estava nu, tendo acabado de sair do chuveiro, pingando ainda. O cheiro era insuportável. Ao me ver, quase começou a chorar. Na voz mais desconsolada que jamais ouvi, dele ou de qualquer outra pessoa, me disse o que não era difícil deduzir: ‘Me caguei todo’.”
Acho que o trecho acima e toda a sequência dessa passagem resumem, do modo mais franco e honesto possível, a essência do livro “Patrimônio”, de Philip Roth, reeditado agora pela Companhia das Letras. (mais…)