Paulo Neves é o segundo da esquerda para a direita
Quando eu comecei no jornalismo em Bauru, no ano de 1987, na redação do Diário, com Eduardo Nasrala, Maria América Ferreira, Heliana De Weese, João Ranazzi, Carlos Torrente, Erlington Goulart, Aceituno Jr., Milton Bill de Oliveira, Éder Azevedo e Dona Ana (mãe da Sandra Camargo), nessa época eu ouvia falar de Celina Neves como uma deusa bauruense.
Eu não entendia direito o que isso queria dizer à época. Foi preciso esperar o tempo passar: para conhecer um pouco da grande diretora teatral. Acho que fiz só uma entrevista com ela. O tempo foi correndo e alguns anos depois eu conheci Paulo Neves.
Paulo Neves, o filho. Paulo Neves, o herdeiro do patrimônio artístico. Paulo Neves, o mestre de tantos grandes atores e atrizes. Paulo Neves, o pai do Thiago e da Talita, como ele sempre escrevia em seus artigos.
Hoje, olhando para esses dias que chamamos de passado, compreendo melhor a obrigação de reverenciarmos Celina Neves. De reverenciarmos Paulo Neves. De reverenciarmos uma família que se entregou à cidade, ao teatro, à arte. Que se entregou à sua vocação. (Me parece) sem medo. Sem limites!
Houve uma época em que fui chefe do Paulo Neves (no Diário de Bauru). Eu me sentia constrangido. Não porque eu não pudesse ser chefe de alguém cuja representatividade no nosso universo de atuação era infinitamente superior à minha. Eu sinceramente nunca liguei para isso. Eu, na verdade, sempre quis estar abaixo de todos. Porque é assim que me sinto bem. Ponto. Não era por isso que eu me sentia constrangido. Eu me sentia constrangido porque alguém como Paulo Neves não deveria nunca ter chefe. Alguém como Paulo Neves deveria ter liberdade absoluta em sua atuação. Deveria ter todos os caminhos abertos.
A última vez que conversei por um tempinho razoável com o Paulo Neves já faz um tempão. Foi em 2007. No “Sarau do Interior – Um tributo lítero-musical”, um belíssimo evento cultural promovido pela Empório (agência de comunicação) em comemoração aos seus 10 anos.
Ali, eu também me senti constrangido. Porque estive ao lado de figuras importantes para Bauru. Pessoas que fizeram história. Naquela noite, ao microfone, eu disse que a diferença entre mim e eles (esse pessoal todo que está na foto acima) era a seguinte: eles deram algo a Bauru; e Bauru me deu algo. Algo assim.
Quando, depois do evento, nos sentamos para bater papo, enquanto conversávamos, eu olhava para o Paulo Neves e pensava: eu continuo pegando algo de Bauru. E você, Paulo, continua dando algo a Bauru.
Hoje é aniversário do Paulo Neves. Eu não posso dizer parabéns a ele. Quem sou eu para dizer isso a ele? Quem precisa dizer isso a ele é Bauru. É o teatro. É a arte.