Bauru, 11 de setembro de 2012
Querido,
pra dizer a verdade, não me lembro como foi nosso primeiro papo. Você era “quase uma criança”. Mas eu sempre gostei de “crianças”. Taí uma das poucas coisas que eu acho que fiz bem na minha vida de jornalista: olhar com carinho para quem estava começando, botar fé, dar uma chance. Sempre gostei disso. E aí foi que descobri que você era bom.
Naquela época, estávamos no Diário de Bauru. Um time formidável. Já tínhamos o Junião (nosso Negão; sim, isso mesmo, nosso Negão; e vá pra puta que o pariu se alguém não gostar). O Negão, já genial, fazia de tudo: charge, ilustração, quadrinho, bebia cerveja como ninguém... Estávamos precisando de mais um desses caras que na hora H salvam uma edição fraca, uma página feia, um dia sem graça. Então, você veio. E nós gostamos de você.
Pra dizer a verdade, você não era maluco (como era o Negão). Você era todo formal. Só faltava me chamar de “senhor”. Deus me livre! Quando olhava para seu trabalho, eu pensava: “não pode ser, alguém está psicografando! Esse menino é muito certinho pra isso!”. Não sei se você percebeu, mas em algumas ocasiões eu chegava por trás (no bom sentido) para dar uma olhada no seu traço, para me certificar de que era você mesmo que fazia tudo aquilo.
Ah, que pena quando tudo acabou. Todo mundo indo pra lá e pra cá.
Bom, o fato é que sobrevivemos. Aquele timaço está por aí. Mesmo separado, sempre jogando com classe. De vez em quando, um encontro aqui, outro ali. Uma cerveja. Uma lembrança. Um uísque. Uma lágrima. Um abraço apertado. Outra lágrima.
Eu soube apenas agora à noite de sua demissão do Lance!
Pra dizer a verdade, pelo que você relatou no seu blog, seu editor foi um cara digno. Ah, meu querido, se você soubesse como fui demitido...
Pra dizer a verdade, não lamentei sua demissão. É difícil explicar algo assim. Mas não lamentei. Às vezes, acabamos nos tornando, mais do que funcionários de determinada empresa (ou, como dizem hoje, mais do que “colaboradores”), acabamos nos tornando prisioneiros. E isso faz mal.
Pra dizer a verdade, não sei bem o que dizer a você... Se você estava esperando um gran finale, perdoe-me. Só sei dizer que o Lance! , pra mim, daqui pra frente, só será o Lance (sem exclamação). E você, querido, sempre será o Guga! (com exclamação).
Beijo grande,
do amigo Márcio ABC
escreveu tudo, padrinho márcio abc. como sempre, aliás. energia positiva ao guga.
O Lance nunca mais será o mesmo. Muito menos o futebol brasileiro. A não ser que o Gustavo siga chargeando o assunto em outro lugar – e onde estiver, acompanharei. Abraço.