Django Livre e a autoesnucada de Tarantino

Gostei muito de Django Livre. Quem pode com um time desse?: Tarantino, Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio e Samuel L. Jackson? E aquela atriz linda (Kerry Washington)? Achei a abertura genial, com a música tema de Django (filme de 1966 dirigido por Sergio Corbucci, com Franco Nero, aquele em que ele chega arrastando o caixão).

Aliás, há uma passagem curiosa a esse respeito. Numa certa madrugada em que estávamos afogando as mágoas porque o Diário de Bauru tinha fechado e nós tínhamos perdido o emprego, a convivência com grandes amigos e, naquela hora, a vontade de ser jornalista, nessa madrugada, num bar, falávamos de cinema e tentávamos lembrar quem era o Django que chegava arrastando o caixão (aliás, eu tenho esse filme).

Então ocorreu que não nos lembramos e continuamos tomando cerveja, falando disso e daquilo, a cada pouco voltando ao palco terrível de nossas frustrações – o fechamento do jornal.

E lá pelas tantas, de repente, eu me lembrei. Eu me lembro de ter gritado à mesa “Franco Nero!!!!!”. E em seguida houve um silêncio. Porque acho que ninguém mais se lembrava de que não tínhamos nos lembrado de lembrar do Franco Nero. E mais em seguida, todos rimos muito.

Mas voltando ao filme do Tarantino, a abertura é simplesmente sensacional. Não é só a música. São também os créditos, que lembram os velhos filmes de faroeste de antigamente, com aquelas letras gigantescas etc e tal.

E Franco Nero está lá! No filme.

Django Livre tem momentos ótimos, fotografia excelente, trilha sonora deliciosa e, claro, tudo que se espera de um filme do Tarantino: sangue, diversão, fantasia, ironia e crítica política numa sequência insana que mistura, por exemplo, morte e graça. Ou romantismo e fria vingança.

Christoph Waltz, mais uma vez, dá um show. Fica com ele a tarefa de fazer o público respirar com risos. E o incrível é que num papel que guarda semelhanças com o coronel Hans Landa, de Bastados Inglórios (em que ele é simplesmente um profissional que caça judeus para os nazistas, enquanto que em Django Livre, do mesmo modo sem paixões, ele é um caçador de recompensas), o incrível é que nesse papel ele consegue provocar as mesmas reações no espectador sem, entretanto, repetir o personagem do filme anterior. Um ator fenomenal.

Leonardo DiCaprio faz a dele com primor, mantendo-se no status de grande ator (e não apenas a carinha bonita do início, bem lá atrás) em que se transformou.

Samuel L. Jackson, como sempre, grandioso. Aliás, ele me passa a impressão de que mesmo que quisesse não conseguiria ser um mau ator.

E por incrível que possa parecer Jamie Foxx acaba meio que comum no meio das interpretações dos demais. A culpa não é dele. O papel dele, do herói, dá uma certa limitada em sua performance. Ele é muito bom, mas em filme de Tarantino os heróis precisam ser realmente heroicos para emergir do mar de sangue e vilania.

Bom, tudo isto posto, fica a esnucada a que Tarantino não fugirá ileso: como superar, com Django Livre ou qualquer outro, o inesquecível Bastardos Inglórios? Ele que se vire.

Ouça a música-tema do filme, a mesma do Django de Franco Nero:

MEU RANKING PESSOAL
(Quantos filmes eu vi com eles)

Atores:
Leonardo DiCaprio - 19
Samuel L. Jackson - 17
Jamie Foxx- 5
Christoph Waltz - 3

Diretores:
Tarantino  -7

 

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