Bate-papo

Pela internet é tão mais fácil. Digo tudo a você sem barreiras. Mas aqui? Frente a frente? Que sacrifício, meu Deus! E olha que isto é apenas um pensamento. Nada mais.

Ainda não comecei a falar, a jogar sobre a mesa os termos do meu peito. Estou apenas trocando informações vagas e redundantes com o garçom.

Olho para o cardápio e disfarço mil dúvidas para o tempo passar. Com você, foram apenas três ou quatro palavras antes de nos sentarmos. Mais cinco ou seis, depois. Quase agarro o garçom pelo braço quando ele começa a se afastar com nossos pedidos, uma cervejinha para mim e um drinque para você. Mas, afinal, era inevitável que ele nos deixasse.

Sim, eu a encaro com um sorriso postiço que você devolve na mesma moeda. Gostoso aqui, né? É sim. Mas não está gostoso. Está calor. Estou desconfortável. Não sei como me expressar. Você não ajuda.

Talvez não seja nada daquilo, essa é a verdade. Talvez tenha sido um terrível engano. Você agora me parece meio chata com esse ar blasé, isso sim.

O celular, adormecido no canto da mesa ao lado do porta-guardanapos, salta para minha mão. Sem dissimular, quase ao mesmo tempo, você apanha o seu dentro da bolsa. Enfim, é a nossa salvação.

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