Aos oito ou nove anos, eu queria ser médico (nada a ver com aquele lance de brincadeiras com as priminhas). Médico, mesmo. Em casa tinha uns livros de capa azul que mostravam fotos de médicos na sala de cirurgia e eu sonhava ser um deles.
Depois quis ser maestro. Não sei por que das quantas, havia na gaveta de um armário uns pauzinhos com os quais se come comida japonesa. Um deles era a minha batuta.
Mais adiante, locutor esportivo.
E, por fim, músico.
Também queria fazer coisas boas pelo mundo.
É duro ver que não fui nada, que não fiz nada.
O que me salva é aquele resto de areia na ampulheta.