A mesa estava cheia de papéis.
Em torno dela discutíamos pautas e… a melhor solução para o mundo.
Nessas ocasiões sempre havia progressistas, retrógrados, esquerdistas, direitistas.
Às vezes o tom subia, as ideias desembestavam, a boca esquentava.
Depois, todos se acalmavam.
Isso não resolve nada, dizia alguém.
O mais importante era o melhor encaminhamento da pauta.
As ideologias, bem… as ideologias estariam sempre ali, presentes, discutidas, defendidas, oprimidas…
Não havia telefones celulares para conversar. Conversávamos entre nós, mesmo.
E de minutos em minutos, sob o silêncio e a expectativa dos demais, um de nós voltava a erguer a voz para ditar o rumo das coisas:
– Chefia, desce mais duas geladas pra gente.
A mesa estava cheia de papéis. De vez em quando, o garçom recolhia tudo.
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