Para quem não teve a sorte de acompanhar a Olimpíada de Pequim na TV fechada, ver Ana Maria Braga interagindo com a equipe de esportes Globo foi um martírio — a Band, com menos purpurina, pega mal no meu bairro. Mas, sim, houve algo mais desesperador do que a torcedora-comentarista-leiga do cabelo loiro. Galvão Bueno e sua eterna mania de achar que o brasileiro vai se jogar da ponte por causa de uma derrota. Após a prata do vôlei masculino, ele se saiu com essa, depois de tantos choramingos e justificativas (como se o time de Bernardinho ainda tivesse que provar alguma coisa): "Amanhã Felipe Massa é pole position!". Quase joguei o controle na TV.
Terminada mais uma edição dos Jogos, um assunto muito mais importante vem à tona, as eleições. É no voto que estão todas as soluções para o sonho brasileiro de ser potência olímpica: escolher quem vai trabalhar pelo bem do próximo, por saúde e educação de qualidade. Assim, multiplicar-se-ão crianças e jovens praticando esporte (priorizando o lúdico, a aptidão à competição é conseqüência).
O caminho para as verbas públicas é esse, não o que leva aos megaeventos que, nesse Brasil sem entusiasmo, não deixam legado algum. Ou o Pan 2007 fez a prometida transformação social do Rio de Janeiro? O complexo aquático Maria Lenk está revelando talentos? Não. Tampouco aquela bela arena de basquete tem sediado jogos suficientes para custear sua manutenção. Pior é ouvir que essas praças esportivas não são viáveis para os Jogos de 2016. Tem que fazer tudo novo. Isso é rasgar dinheiro!
Olha, eu amo esportes. Isso não é mau humor. É encarar a realidade. Emocionei-me várias vezes com as imagens de Pequim e espero continar vendo grandes eventos, a menos a médio prazo, longe daqui. As necessidades básicas do brasileiro não podem continuar no fim da fila. Já bastam os bilhões do Pan e os que, certamente, vão turbinar a Copa de 2014. De glamour no meio da miséria, já nos basta o Carnaval.
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