Não se fala em outra coisa: o Corinthians, merecidamente, foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Tamanho o apelo popular do clube, esse “desastre” ganhou mais corpo na mídia do que o título do São Paulo. A imprensa paulista, então, praticamente ficou de luto – num momento explícito de que o torcedor que há em cada jornalista não adormece.
Corretamente, o histórico da desastrada parceria com a MSI – que transformou o clube em caso de polícia – foi resgatado. Quem era contra na época bradou batendo no peito: “Eu avisei!”. Mas houve quem se restringisse a analisar a última rodada, a colocar sob suspeita a legítima vitória do Goiás, o rival que se salvou do rebaixamento.
Há ainda os que apontam o dedo para a câmera, prometem ligar o ventilador para escancarar o que todos já sabem: a desorganização do Timão. As provas, que sejam entregues ao Ministério Público, pois guardá-las debaixo do braço para momento oportuno é obstrução da Justiça.
O cenário atual revela como o jornalismo esportivo está mais para uma grande narrativa, que aguarda o momento certo para abordar o que já é sabido - um exemplo: a famosa "Taça das Bolinhas" estava esquecida, mofando num cofre, há 15 anos e só agora veio à tona.
Nas últimas semanas, o Corinthians continuava péssimo dentro e fora de campo, mas o clima era de "Vamos empurrar o Timão!". Redenção, raça e todos os recursos de motivação tomaram conta de linhas, imagens e locuções. Com todo os respeito aos corintianos, melhor cair. Esse purgatório trará mais equívocos à tona, a cobrança será maior e o clube poderá sair fortalecido. Do contrário, teríamos estampado falsos heróis e provocado euforia ridícula após uma vexamosa campanha.
Certamente, estou generalizando - e por isso mesmo usando a primeira pessoa do plural. O Corinthians foi colocado na berlinda por alguns veículos, sim, mas as mensagens que ganharam mais eco sempre foram as de motivação, exaltando a camisa que ganha jogo. Pois a camisa se cansou de ser mal representada. Inclusive pelos jornalistas-torcedores, que assim como o time devem rever 2007, o que fizeram, o que publicaram.
O Timão tem apelo, vende mais, é sabido. Mas oba-oba não cola mais. O Corinthians não deve ser apenas patrulhado, gerar um pouco de otimismo também faz parte do jornalismo. Mas precisamos tomar cuidado para não contaminar clube e torcida com o retorno obrigatório à elite em 2009. Calçar salto alto na Série B pode causar um tombo maior. Para quem acha que o fundo do poço já chegou, a Terceirona é logo ali.
E-mail: fernando_bh@yahoo.com.br