Angústia em estado televisivo: rotina de corintianos. Como eu. Mas vamos botar o preto no branco: agora, com a fatura decidida a favor do Tricolor, o (ex) Timão é a graça de tudo.
Diz que o cara, corintiano, chegou em casa e cobriu a mulher de pancada. Só porque ela usava um tomara-que-caia.
Muitas piadas ainda virão. Mas o fato, agora, é que o Corinthians monopoliza as atenções de todas as torcidas.
Nós, os milhares, a favor. Os outros, alguns, contra. Compreensível. Quem
não tem essa paixão sofredora, tem mais é que torcer para a derrocada
alvi-negra. Respeito, sem rusgas.
Torcida inútil, espero eu. Porque é uma aberração imaginar o Corinthians
no andar de baixo. Ops, já está. Quero dizer no andar de baixo das
divisões do futebol brasileiro. Série B? Não dá.
Um time cujo santo não é santo, estádio não é estádio e diretoria não é
diretoria não merece cair. Não no Brasil, onde o errado é o certo.
Difícil nossa situação: pelo conjunto da obra, o Corinthians deveria ser
banido do futebol após tantos desamandos. Pela paixão de berço, o
Cortinthians merece o olimpo e as uvas.
Nesse caso único de torcedor convicto, prefiro meu lado irracional a agir.
Quero o Corinthians bem corado: forte, capaz e bonito na fita.
A partir de agora, mais do que nunca, será interessante: todos contra um.
Todos contra o Mosqueteiro. Quer dizer, todos menos aqueles milhares entre os quais estou incluído por força paterna. Sou grato.
Não, senhores: o Corinthians não cairá. Até porque sabemos que, se
desabar, será difícil reerguer. Prefiro sofrer na série A. Ao menos,
respiramos o ar da elite. Mesmo merecendo o gueto e a sombra.
Nunca sofrer foi tão apropriado. Somos sofredores confessos. Só não
precisava exagerar. Entramos no limbo sem títulos. Só não precisava
prolongar a seca. Cruedade boba com tanta ingênua gente.
Figurantes de luxo, uni-vos. Essa seca vai passar. Temos o Lula, temos o
Lulinha. Temos o poder da reação. Temos... O que temos, mesmo?
Bem, temos a dádiva de ser Corinthians. De saber que da pesada seca,
surgirá a fartura. Temos fé e temos todo o tempo do mundo. O século 21
começou esses dias mesmo. Pra que a pressa?
De tanto torcer, torcer e torcer, o sofrer secará. E ainda haverá algum
alvi-negro do Parque São Jorge a socar o ar em convincente impulso após
homérica final, daquelas de tremer o mundo.
Espero que seja contra um Palmeiras, não contra um Gama.
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