Então, é isso: Renan e Roriz roubam a cena enquanto os demais se encolhem? Sempre que um ou dois estão em relevo, alvos de grossa acusação, dezenas de outros comemoram a discrição involuntária.
Em outra prosa: gente graúda com ficha corrida não falta. Falta é fazer uma operação visibilidade para que também estes se expliquem. Mas, não: o lance é com a bola da vez. Cadê Marcos Valério? E a secretária dele, não posou nem para folhinha de borracharia? O que realmente anda fazendo, além de casar, José Dirceu? O gato comeu a língua do Genoino? Aqueles irmãos do PC tocam que tipo de negócio atualmente? Ministro dos Transportes: aonde vamos parar?
Mas, se você notar bem, aqueles pobres coitados que estão expostos hoje (livres, amanhã) dão o ouro para o bandido. O camarada acha que, ao se explicar como se estivesse em campanha, convence a audiência. Assim, dão apenas versões protocolares. Vazias, opacas de veracidade.
Os expostos têm basicamente três táticas a seguir: 1. Não falar, o que é confissão de culpa. 2. Falar que o advogado vai falar, o que é apenas jogar com o regulamento. 3. Falar, como se estivesse em palanque. Mas, em palanque, os aplausos são certos. Uma vez na arena da mídia, os expostos não enganam.
Pode notar: acusado de algo, alçado à condição de vilão-mor da República (é sazonal, sempre haverá o vilão-mor do momento), eles engatam sua cartilha de verdades midiáticas com ar sóbrio, entonação calma, gestos contidos e ensaiados.
Querem passar controle da situação, serenidade, inocência. Mesmo que os papéis assinados, as testemunhas oculares e as fitas gravadas indiquem outra coisa, eles estarão sempre altivos, convictos e centrados. São acostumados à exposição. Profissionais dos holofotes. Outro naipe.
A imprensa erra ao esquecer os expostos do passado, prensa os expostos do presente, mas a história se repete: expostos mesmo estamos nós. Ao ridículo.
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