Vi uma entrevista de Nelson Motta outro dia e ele, flagrando-se admirado, refletiu sobre o jornalismo sem o Google. Para ele (e acho que pra todo mundo), algo impensável hoje. Aos 65 anos, Nelson Motta é um dos que estão na ativa e já passaram por fases bem distintas do jornalismo. Aqui eu me refiro à operação, aos mecanismos à disposição para a produção do conteúdo.
Quando eu comecei a trabalhar em redação, em 1987, não havia Google ou nada parecido. Nem computador. Era ainda a época do bom e velho batuque nas máquinas de escrever. De todo modo, não há nostalgia que se sustente diante de tantos avanços tecnológicos que facilitaram a operação jornalística.
Há, porém, algo preocupante: o comodismo como um vírus mortífero para o jornalismo. O Google e tantas outras ferramentas que tornam o cotidiano do jornalista mais fácil e dinâmico são também uma séria ameaça à originalidade, à criatividade, ao sangue novo que devemos tomar todo santo dia para evitarmos a putrefação do que produzimos.
Nem tanto ao céu nem tanto à terra, diz o velho ditado, que cabe também nesse caso. A ilusão de que a internet pode nos abastecer sem que tiremos a bunda da cadeira (ave, Lula!) morre cedo ou tarde diante da sede vampiresca do público por informação nova e confiável.
Em branco
Eu me lembro que uma vez – eu tinha acabado de sair da faculdade – cheguei à redação depois de ir para a rua cobrir um acidente em que um caminhão havia tombado e inundado uma rua de garrafas quebradas e cerveja quente. Perguntei ao editor que espaço eu teria. A resposta foi simples: a página está em branco. Aahahahahhaha.
Não havia sequer um ferido. O trânsito mal tinha sido prejudicado porque tudo aconteceu numa rua secundária. Enfim, valeria uma foto com um texto-legenda. Mas a página estava em branco. E lá se foram umas 12 laudas. 12 laudas x 30 linhas = 360 linhas. 360 linhas x 70 toques por linha = 25.200 toques (os caracteres de hoje). Eu tive literalmente de juntar todos os cacos disponíveis para encher a página. Mas saiu. Que chatice! Ahaahhahahaah. Mas que não tinha Google, isso não tinha.
Tessália
Pobre e atrasada. Porém, bela. Ao menos são as informações obtidas em rápidas pesquisas na internet.. Evangelizada por Paulo. Aliás, Paulo dedicou duas de suas epístolas a Tessália. Ambas falando sobre a volta de Jesus Cristo. Tessália é uma região na parte central da Grécia.
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