O advento das redes sociais e de todas as facilidades abertas pelos avanços das novas tecnologias oculta, entre a farra feliz de múltiplas vozes, um fantasma aterrorizante: a ameaça de acessarmos tão somente uma informação cada vez mais superficial e passageira, situação que pode colaborar para a produção de uma formação humana capenga. Como tudo que é gostoso, também nesse caso as contraindicações não são poucas.
Vejo gente deslumbrada com o acesso a incríveis ferramentas virtuais. Pessoas que nem sequer imaginam a armadilha sobre a qual podem estar dedilhando ingenuamente. Como questionar a importância da internet, das redes sociais e de toda a parafernália tecnológica que nos abre caminhos impensáveis há tão pouco tempo? Não, não há como questionar.
Mas nem tudo é tão simples como sonhamos. Fico aqui apenas no campo das influências do jornalismo. Ao tomar conhecimento de um fato por meio de uma única frase, o usuário do Twitter, por exemplo, corre o risco de considerar-se bem informado. Eis o nó que está se compondo de modo a não nos permitir saber por enquanto como desatá-lo.
Seria inimaginável neste momento criar mecanismos que pudessem servir de alerta à ilusão proporcionada por esse novo prazer. Seria algo como chegar para os primeiros humanos deliciados pelas sensações do sexo e pedir que usassem camisinha. O autor da proposta certamente levaria uma paulada no meio da testa. Mas nós estamos sim sob a ameaça de precisarmos, daqui a um tempo, pensar em preservativos contra esse luxuriante banquete que nos serve do bom e do melhor, mas com ingredientes suficientemente capazes de corromper nosso intelecto.
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Márcio, concordo com o pensamento que você defende no texto e digo que agora já é o tempo para usarmos “preservativos” contra toda essa avalanche de informações superficiais – além das (des)informações e das mensagens inúteis – que estão ao nosso alcance nas redes sociais, principalmente no Twitter.
Porém, todas essas “ferramentas incríveis” estão refletindo uma sociedade sedenta por informações rápidas e sem profundidade. O mundo moderno alterou drasticamente a percepção de tempo dos indivíduos: a hora, o dia, a semana, o mês… tudo “passa” mais rápido. E essa condição foi gerada pela cultura do imediatismo: as organizações visam resultados imediatos, as pessoas querem crescer profissionalmente em um curto espaço de tempo, os consumidores querem comprar as últimas novidades tecnológicas, etc.
Assim, neste cenário, o que é de ontem, perde o valor e é descartado. O que importa é o agora, o hoje e o amanhã. Portanto, como você mesmo fez a analogia, usar o “preservativo” é essencial para evitar este dilúvio provocado pelo imediatismo e pela superficialidade. Porém, como sabemos, hoje são poucas as pessoas que estão conscientes o suficiente para compreender esta realidade.