Linha

Hoje, estou usando sapato, uma calça digamos meio social e camisa de mangas longas. Geralmente, uso tênis (ou o tal do “sapatênis”), calça jeans e camisa de manga longa. Hoje enfiei a camisa por dentro. Geralmente, uso por fora. Uma amiga me disse que hoje estou “chique”. E me perguntou se agora vou seguir “essa nova linha”. Ah! Ah! Ah! Ah!

Outro dia, vi parte da reprise de uma entrevista do fantástico Paulinho da Viola. Se não me engano, foi para o “Roda Viva” (TV Cultura). Ele conta que quando gravou “Sinal fechado” (acho que em 1969), perguntaram a ele se aquela seria sua “nova linha”. Então, surpreso, responde ele com outra pergunta: “mas que linha?”

“Sinal fechado” é aquela composição linda (começa assim: “Olá, como vai? Eu vou indo e você, tudo bem?”) que o Paulinho manda de um jeito diferentão, numa toada serena, quase intimista e que traz o diálogo de dois amigos que se encontram no sinal vermelho e trocam algumas palavras, evidenciando certo distanciamento por causa da agitação da vida urbana. Profético, não? De todo modo, perguntou o Paulinho: “mas que linha?”.

É curiosa essa “cobrança” em certos casos. O cara tem que seguir determinada linha. Que linha é essa que precisamos seguir, afinal? Ora essa, e se a linha do cara for a falta de linha? Ah! Ah! Ah! Ah! Não estou me referindo ao desalinho, mas apenas à inexistência de uma linha a seguir. Hoje, posso usar tênis, amanhã, sapato, e sábado, sandália.

Seguir a mesma linha é muito chato!

Não dá

Nunca fui muito chegado nas piadinhas a respeito do Lula. Acho quase todas preconceituosas e de mau gosto. Mas cá entre nós, ver o Lula posar de conciliador no conflito ante-pré-diluviano entre judeus e palestinos só pode ser piada. Quem é o Lula para eles? O que representa o Lula para as convicções históricas e religiosas dos dois povos? Emitir uma opinião que se alinhe aos discursos de paz, vá lá. Mas tentar marcar sua visita como o cara que colaborou para essa paz distante? Não dá. Realmente, não dá. Pra mim, não dá.

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