Mão boba

O jornalismo de celebridades trouxe por estes dias alguém passando a mão no bumbum de não sei quem. Acho que um ator bobeou em público e foi flagrado por um fotógrafo quando, digamos, averiguava as condições do traseiro de uma atriz (me desculpem, mas não me lembro dos nomes porque acho que são americanos, o que, por fim, dá na mesma, pois o que está em pauta é o ato e não os protagonistas).

Eu acho que já escrevi em outro espaço deste mesmo site que o aparato tecnológico de hoje em dia, seja para capturar a informação ou para divulgá-la, é algo extremamente traiçoeiro – porque ao mesmo tempo em que é decisivo para viabilizar com rapidez operações importantes para o jornalismo, ao mesmo tempo em que representa um significativo avanço na produção da informação, esse mesmo aparato pode nos jogar numa vala perigosa onde os parâmetros que cercam o privado e o público podem estar orbitando num universo de difícil compreensão. E mais: pode, com sua força, criar e recriar imagens, hipóteses, histórias, fatos.

E esse aspecto estende-se também a qualquer segmento da vida moderna que se apoia na tecnologia. Vejam o que pode ter significado a utilização de alta tecnologia no Caso Nardoni. Não houve testemunhas. Ninguém presenciou o crime. Mas a perícia conseguiu encadear a história de tal modo que, segundo sua versão, não resta dúvida sobre a culpa dos acusados, agora condenados.

A tecnologia inclui um conjunto de ferramentas que está na fronteira do bem e do mal. Tanto para quem comete um crime quanto para quem resolve dar uma passadinha de mão na bunda alheia.

Infantil

É curioso que hoje se passe tão facilmente a mão na bunda dos outros. Eu me lembro que na minha época de escola primária (lá pela década de 1970), um ato dessa magnitude poderia causar graves desdobramentos. Não houve uma nem duas desavenças motivadas pela velha “mão boba”. Foram muitas. O território era sagrado. Levava à diretoria. Provocava socos e pontapés. Evocava melancolicamente por meio de palavras obscenas a mãe do outro. Acabava com boas amizades. Hoje, pode-se dizer, as coisas chegaram a tal ponto que talvez sejam as bundas que vivem à procura de suas antigas conhecidas de cinco dedos.

Pornô

Uma vez, assistindo a um filme pornô com minha mulher, rimos muito da cena: a atriz praticava um atordoante sexo oral em seu parceiro quando este levou a mão até à dita cuja. Ela, então, suspendendo por um instante a ação bucal, desferiu-lhe um belo tapa, condenando a ousadia. E o mais impactante foi a frase que ela pronunciou: “Olha a mão boba!” (Ah!Ah!Ah!)

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