“Búzios, cartas e amarração no amor.” Os folhetos foram pregados na noite passada em um batalhão de postes. São tantos, um atrás do outro, que você até se confunde. Talvez seja “Búzios, tarô e amarração no amor” ou “Tarô, cartas e amarração no amor”. Agora me fugiram o conteúdo integral e sua ordem.
Mas ao bater os olhos, a lembrança me chamou. Certa vez, uma mulher começou a ler a sorte de um amigo meu. Estávamos os dois sentados com ela à mesa, meu amigo à direita e eu à esquerda. “Você vai conquistar muita coisa boa”, começou, depondo sobre a madeira as primeiras cartas. “Seus estudos vão bem”, continuou. Olhava para ele a cada nova mensagem das cartas.
De minutos em minutos, tomava um gole de licor. A tacinha estava bem em frente. Era só esticar o braço enquanto a carta ditava a ela os rumos do meu amigo. “Seu trabalho será reconhecido”, sorriu na direção dele. “Que bom, não é? Vejamos o que mais.”
Um instante se passou. Ela levou novamente a tacinha quase vazia aos lábios grossos pintados de batom vermelho.
“Você terá que lutar muito por ela”, avisou num tom grave. Mas agora, inesperadamente, voltando-se para mim. Não para meu amigo, de quem era a sorte lida ali, mas para mim. Olhei para ele, seguramos a risada.
Búzios, cartas e amarração no amor. Eu me amarro nessas coisas.
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