Futebol bonito

Santos x Santo André foi uma das melhores finais de campeonato dos últimos anos. Gols, tensão, drama. Todos os ingredientes para uma decisão. Uma análise fria do jogo indica, em minha opinião, para um resultado injusto.

As duas bolas mandadas na trave e o gol legítimo que o juiz anulou mostram que o Santo André merecia a vantagem de dois gols, que precisava para levantar o título.

Mas, ainda seguindo nessa “análise fria”, nada mais justo do que o título ter ficado com o Santos. Foi, sem dúvida, o melhor time do Paulistão, principalmente por força de seu ataque. Consolidou o aparecimento de novos jovens craques. Deu show. Jogou um futebol bonito etc etc etc.

Fazia meses que eu não via um jogo inteiro. Andei enjoado de futebol (já escrevi sobre isso aqui mesmo). Mas neste domingo, por acaso, acabei acompanhando os noventa minutos. E lá pelas tantas fiz um comentário com as pessoas com quem vi a partida: eu disse que se o Santos perdesse, voltaria a velha ladainha de que “futebol bonito não ganha jogo”.

De todo modo, o próprio Santo André também mostrou durante o campeonato sua vocação para o ataque, para o futebol alegre. E isso ficou evidente nos dois jogos da final.

Num ano de Copa do Mundo, em que mais uma vez os torcedores estão desconfiados da seleção brasileira, Santos e Santo André mostraram a Dunga que futebol bonito também ganha jogo.

Amor

Eu vi um dia desses na capa de uma revista, exposta na boca do caixa de um supermercado, que uma atriz (acho que a Mariana Ximenes) está pronta para um novo amor. Esse, aliás, era o título principal. Fiquei pensando, enquanto pagava a conta, se é possível algo assim. Ou seja, alguém se preparar para um novo amor.

O amor não “acontece”?

No jornalismo, nós procuramos separar o “acontece” do “será realizado”. Para nós, um jogo não acontecerá, o jogo será realizado. Já um acidente acontece. Ele não está previsto.

Talvez engessado em meus parâmetros jornalísticos, fiquei imaginando coisas: o amor não “acontece”? Acho que sim. O amor não “será realizado”. O amor, quem sabe, poderá “acontecer” em algum momento. Não dá para preparar o amor como se prepara uma jogada de craque.

Portanto, como pode alguém se preparar para um novo amor, se um novo amor não pode ser “planejado”?

Bem, talvez nestes dias bastante superficiais onde fomos nos meter haja lugar para um amor planejado. Quem sou eu para questionar as novas possibilidades dos novos tempos?

Para terminar esta punhetação: não acredito em planejamento para o amor porque não há como planejar o desconhecido, não dá para planejar o infindo, o que não tem começo ou fim.

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