A cruzada da Xuxa para esconder atos de seu passado pode ser interpretada de diversos modos. Bom, eu não quero interpretá-la. Quero apenas dizer que não dá para simplesmente passar uma borracha no passado. Nem no da Xuxa nem no meu nem no seu.
Acho que todos fazemos coisas das quais nos arrependemos mais tarde. Eu já fiz minha lista aqui mesmo no blog (para quem quiser conhecer o passado tenebroso que me atormenta, é só clicar aqui). Não dá para encostar atitudes que nos fazem mal. É a vida. E também é da vida a inexorabilidade de atos concretizados.
A Xuxa quer porque quer que todos esqueçam que ela posou nua ou que protagonizou um filme em que sua personagem faz sexo com uma criança (“Amor estranho amor”, 1979). A cruzada fica ainda mais complicada diante de outro aspecto inexorável: ela é uma celebridade. E hoje, mais do que em qualquer época, a sociedade faz questão de chafurdar ilimitadamente na vida das celebridades.
Esconder o passado, como tenta fazer a todo custo nossa própria nação (ao impor sigilo a tantos documentos históricos tidos como comprometedores), seria muito confortável, mas eu pergunto: as piores cobranças ou os piores tormentos quanto ao nosso passado não são aqueles cuja essência martela nossos próprios pensamentos? Não é aqui dentro que travamos a verdadeira batalha contra nossos erros? De que vale apagar o passado externamente se jamais poderemos apartá-lo de nossa cabeça?
O que precisamos é encontrar a fórmula certa para conviver com as partes do passado que nos atormentam. Quem sabe, aprender com elas.
Aliás, o que a Xuxa deveria dizer é: fiz mesmo e daí? Posei nua, fiz o filme polêmico e ninguém, a não ser eu e minha consciência, tem nada a ver com isso. Porque a vida é minha. E de mais ninguém.