Eu confesso

Esta é minha avó. Todas as tardes, ela botava um copo d’água para benzer diante do rádio na hora da consagração; depois, ela nos dava um golinho

Não sou um crente convicto. Sempre estive longe dessa posição. Tenho muito mais dúvidas e incertezas do que fé. Entretanto, quero crer. Quase me obrigo a crer naquele rosto nobre e afetuoso, de cabelos levemente longos, que me fitava desde a pintura revestida de vidro na parede da casa de minha avó. A quem – incoerência? – sempre peço pela saúde e felicidade de minha família, de meus amigos e de todos por aí, embora eu saiba claramente dessa impossibilidade.

Dito isto, estou lendo o livro “Palavras de vida”, do Padre Beto (vou escrever sobre o livro quando acabar de ler, estou lendo aos poucos em meio a outras obras). E nele encontrei ontem este pensamento extraordinário de Santa Teresa de Ávila: "Uma prova de que Deus está conosco não é o fato de que não venhamos a cair, mas que nos levantemos depois de cada queda".

Por causa desta frase, lida ontem pouco antes de pegar no sono, acordei hoje mais crente. Porque essa ideia é uma ideia aplicável. Esse Deus menos "oni" isso "oni" aquilo, esse Deus menos infalível, esse Deus que de repente pode estar lutando ao nosso lado sem uma certeza para nada, me atrai mais, é capaz de me fazer entender melhor as maravilhas e as desgraças do mundo.

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