Não sei se acontece com muita gente, mas comigo é direto. Na locadora, gosto de pegar filmes sobre os quais não li, obras excluídas da interminável lista do besteirol hollywoodiano. Claro que às vezes é de Hollywood mesmo: privada também tem papel higiênico. Enfim, sempre acerto (para meu gosto, bem dito). E aconteceu de novo. Tirei “A primeira coisa bela”. Aliás, em italiano fica ainda mais bela: “La prima cosa bella”.
O filme é do italiano Paolo Virzi. Pelo que vi na internet, nasceu no mesmo ano que eu: 1964. Que inveja! Como eu gostaria de ter feito esse filme! Um drama com todos os ingredientes de um drama italiano: paixão, traição, funeral, casamento, gente que fala sem parar…
A história se passa em Livorno, litoral da Itália, em dois momentos: no início dos anos 1970, quando uma mulher (Anna) cheia de infelicidades e fora dos padrões convencionais da época sofre para cuidar de seus dois filhos – um menino e uma menina, e nos dias atuais, quando Bruno, o filho, é chamado pela irmã para acompanhar os últimos dias da mãe, doente terminal.
A partir desse chamado é que tudo se desenrola. O filho, que se afastou de todos, volta e passa a reviver e a enfrentar as amarguras do passado, época em que conviveu com os traumas da separação dos pais e da fama de sua mãe, composta a partir de sua beleza e dos amores que teve.
Filme comovente que, para me comover ainda mais, toca aquela parte maravilhosa de “Cavalleria Rusticana”, o chamado intermezzo, num momento crucial: o casamento (mas não é um simples casamento).