Os verdadeiros heróis

Em tempos de Copa do Mundo, torcedores e mesmo jornalistas costumam se referir aos jogadores protagonistas de grandes feitos como “heróis”. Esse e outros termos servidos no nosso bandejão ufanista muitas vezes se perdem em meio à emoção ou à alegria de ver a seleção – eterno orgulho nacional – jogando bonito, conquistando vitórias e títulos importantes.

Mas muitas vezes não nos damos conta de como se tornam pequenos esses “heróis” quando comparados a outros brasileiros – como neste momento às vítimas das chuvas no Nordeste. Ou como em outros momentos, às vítimas de tantas tragédias anunciadas desta terra verde.

Neste espaço, escrevi outro dia que o futebol durante o Mundial é a mais profunda simbiose brasileira. Sim, as pessoas se juntam numa impressionante corrente de sentimentos. Constrói-se uma fortaleza de fé, cumplicidade e união. Coisa que não se vê em qualquer outra ocasião.

Mas ver a desgraça infinda de uma gente sofrida, que já se contenta com tão pouco, que tenta ser feliz com tão pouco, que mantém a esperança com tão pouco! Essa gente, que perde tudo e começa de novo. Que chora todas as suas lágrimas mais límpidas e sinceras no meio da água suja. Que vai outra vez se levantar com braço forte. Essa gente sim é composta de heróis, heróis cuja estatura fazem do futebol um simples brinquedo em que homenzinhos pequenos correm dentro de uma caixa eletrônica em busca de uma felicidade que não podem nos dar.

Desencantaram

E para não falar que não falei de bola, Espanha e Portugal, enfim, deram o ar da graça. E que graça! Os 7 a 0 praticamente garantem a classificação lusa. Já os espanhóis vão sofrer mais um pouco. Portugal x Espanha nas oitavas?

Dunga

Em qualquer roda de discussões da qual participei antes da Copa – ou já durante a Copa – sempre disse que acredito na seleção do Dunga. Não há grandes motivos para não acreditar. É um grupo que está sempre de mãos dadas com as conquistas. Nos seus clubes pela Europa ou mesmo na seleção. Hoje, por exemplo, os desconfiados começaram a brincar com os 7 a 0 de Portugal sobre a mesma Coreia do Norte que deu o maior trabalho para o Brasil na primeira rodada (2 a 1).

O fato, como diriam os filósofos, é que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Cada jogo tem sua história. E por aí vai. Portugal também encalhou na Costa do Marfim. E o Brasil deu um passeio, mesmo enfrentando a cavalaria.

Acho que a seleção do Dunga tem tudo para chegar à final. Torço para uma final contra os argentinos. Seria inédito, emocionante para o mundo inteiro. Algo diferente para um país tão acostumado a vencer Copas, como é o Brasil.

O caso é que, a despeito de todas as possibilidades de sua seleção, o próprio Dunga ameaça estragar tudo. Com briguinhas babacas, xingamentos ridículos e uma postura absolutamente infantil, ele parece ter a certeza de que seu time conquistará a Copa. E ele, então, pensa em ser o cara que bateu de frente com torcedores e imprensa, o cara que fez do seu jeito e ganhou porque é fodido. Pensa em ser o grande herói. O herói solitário.

Quanta bobagem! Nossos heróis, meu caro Dunga, estão aqui. Estão se reerguendo dos escombros deste país mal fundado.

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