No meio da década de 1990, quando minha filha Ana Clara tinha uns dois anos, costumávamos botar pra ela ouvir um disco de vinil com várias histórias infantis. O aparelho de som ficava na sala do pequeno apartamento, bem perto da televisão. Sempre que o ligávamos para que ela ouvisse o disco, deixávamos a TV sem volume.
Enquanto ouvia as historinhas, ela acabava muitas vezes vendo as imagens e, sem que nos déssemos conta, associando uma coisa à outra.
Foi assim que enquanto ouvia a história do lobo mau (narrada por um homem de voz grave e ainda mais assustadora do que qualquer lobo mau) ela viu também a propaganda de um disco do Emilio Santiago.
E depois, em diversas ocasiões, quando só a TV estava ligada e aparecia o Emilio dançando e cantando, ela arregalava os olhos para a telinha e disparava em seu linguajar primitivo: "O lobão, o lobão!".
Morreu o lobão da nossa música.