Com o passar dos anos, os avanços tecnológicos, o show de imagens, as câmeras posicionadas em todos os cantos do estádio, tudo isso ajuda a tornar a Copa do Mundo um grande desfile de vaidades.
São cabelos modernosos, chuteiras coloridas, tatuagens que homenageiam não sei quem e assim por diante. Parte do público – composto de mulheres e gays – já até se queixam quando a beleza física dos atletas não corresponde às expectativas.
Fora a estética corporal, também entram em cena egos inflados, personalidades difíceis, gente enfiada até o pescoço num mundo fantasioso de aparências e interesses mercadológicos – quase sempre pessoais.
A Copa é um espetáculo em todos os sentidos. É o resultado da produção humana.
No campo, quando as vaidades estéticas ou psicológicas são, por alguns momentos, deixadas de lado para que os craques se dediquem à bola, chega a vez da Copa matemática: os pontos conquistados até então, o saldo, os jogos simultâneos que podem definir uma classificação no último minuto, como rolou hoje com os norte-americanos.
A calculadora passa a ser uma coadjuvante fundamental. Às vezes, até a própria protagonista.
Enquanto isso, enquanto rolam os desfiles de moda, enquanto desabrocham os egos indomáveis, enquanto se multiplicam as brigas de todas as espécies, no campo o futebol está oprimido. Está subjugado. Arriscado a perder seu brilho.
Os caras chegam na boca do gol e têm medo de marcar. Cruzam a bola quando poderiam enfiá-la na rede. Chutam em cima do goleiro quando deveriam driblá-lo e entrar com bola e tudo. Trocam mil passes antes de olhar para o objetivo final.
Aquele retângulo de três paus vestido por uma rede apavora os atacantes. É seu fantasma. A alegria do gol se transformou em desabafo. O prazer de meter a bola na rede passou a ser alívio. Fazer gol hoje é tirar um peso das costas.
A Copa precisa mudar a partir das oitavas de final. Mais do que qualquer seleção, mais do que qualquer craque ou técnico, quem precisa vencer este Mundial é o futebol.
Pra sair faísca
Alemanha x Inglaterra é uma das oitavas. Dois campeões mundiais que já se encararam numa final. Em 1966, os ingleses venceram em casa – na época, havia duas alemanhas – a Alemanha Ocidental num jogo polêmico do qual os alemães reclamam até hoje. Será que nesse jogo sai faísca?
Não sei não, mas algo me diz que a Argentina vai ter encrenca contra o México. Torço para o time de Maradona passar. Quero ver uma final Brasil x Argentina. Mas... não sei não.
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