Emoção não se planeja

Muitas vezes as coisas mais emocionantes de nossas vidas não estão ligadas aos principais fatos de nossas vidas. Na Copa do Mundo também é assim. Nem sempre as grandes emoções são reservadas para os principais duelos.

Quem poderia imaginar que Uruguai x Gana e Espanha x Paraguai pudessem ser os dois jogos mais dramáticos da Copa?

Quem poderia imaginar que não foi na hora da sua maior conquista, mas quando você viu uma menininha suja e seu olhar de fome do outro lado da rua? Que foi aí que você perdeu o jogo contra uma lágrima?

Dunguismo

Com o Brasil eliminado, afloram todos os erros, todas as besteiras levadas a cabo pelo treinador da seleção. Desde a convocação mal feita que exagerou na preservação a qualquer custo do grupo aliado até a postura prepotente no trato com a imprensa, torcedores e com quem se metesse em seu caminho, Dunga escreveu uma excelente receita para nunca mais ser usada.

É preciso, contudo, ser honesto. Sempre. Não foi essa receita o principal motivo da eliminação brasileira. O Brasil caiu fora porque os caras que jogaram foram incompetentes para matar o jogo no primeiro tempo. Poderíamos ter feito, sem qualquer exagero, 3 a 0, o que faria a Holanda enfiar a viola no saco já no intervalo.

Claro que é difícil pinçar o jogo contra a Holanda do contexto. A partida fez parte do estado de coisas criado a partir do chamado “dunguismo”. Mas se pinçarmos somente o jogo, fica essa sensação: a sensação de que, com dunguismo ou sem dunguismo, o Brasil poderia ter vencido o jogo.

Algo parecido ocorreu em outras copas. Em 1990, para citar apenas um caso parecido, a seleção horrorosa montada pelo Lazaroni caiu nas oitavas-de-final contra a Argentina. Aliás, contra uma Argentina podre. O time estava em pandarecos, desfalcada e contundida.

A exemplo do que ocorreu na era Dunga, quando as principais características do futebol brasileiro foram extirpadas para dar lugar às igrejinhas, à falta de criatividade e ao exorcismo de nossa arte de jogar bola, também naquela Copa o Brasil foi podado, foi decepado no que melhor sabe fazer.

Só que no dia da eliminação em 1990, a culpa não foi do Lazaroni ou de todos esses problemas. A culpa foi dos atacantes brasileiros. Com vinte minutos de jogo, o placar já poderia mostrar 4 a 0 contra aquela Argentina.

Talvez, hoje e ontem, o castigo tenha algum proveito.

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