Cresci no meio de pais e tios e avó falando espanhol. Eles todos são (ou foram) filhos de espanhóis. Gente que veio do outro lado do Atlântico em busca de novas oportunidades, de uma vida melhor. Mas como é duro vê-los em harmonia. Como é difícil fazer com que eles se entendam. São ranhetas. São impulsivos. Têm sempre o sangue numa temperatura inadequada para o corpo humano.
Lá na Espanha, na semana passada mesmo, acaba de haver uma marcha pela independência da Catalunha. Várias regiões do país não se entendem. Querem se ver livres umas das outras. Uma história rica para um país sofrido.
Na África, a ironia do futebol mais uma vez apresentou-se de maneira extraordinária: não houve nesta Copa do Mundo uma seleção mais harmônica. Nenhuma das equipes foi tão solidária. Ninguém jogou tanto com base em seu conjunto.
O título, dramático como são os espanhóis, não fará deles um único povo lá na Espanha. Nem fará com que meus pais e tios e avó se entendam melhor. Alguns deles, incluindo pai e avó, já morreram.
E junto com outros espanhóis e filhos de espanhóis devem estar lá, em algum lugar desconhecido por nós, felizes com o que não viram na vida toda, em tantos anos de futebol. Mas, embora felizes, também devem estar putos da vida com alguma coisa boba que não lhes tenha agradado. Devem até estar xingando. Eles facilmente ficam putos da vida. Putos da vida por qualquer coisa. Putos da vida até na felicidade.
Tags: África, Catalunha, Copa do Mundo, Espanha, Espanhóis, Felicidade, Filhos, Futebol, Geopolítica, História, Meu pai, Meus tios, Minha avó, Mundo, Sociedade
Puto da vida deve estar toda a Alemanha e seus torcedores comedores de( deve ser assim que se escreve)chucruts e bebedores de choops, o melhor futebol apresentado foi o da Alemanha ficou fora da final por um capricho do futebol,quanto a seleçao brasileira fique Puto da Vida na convocação , o resto todo mundo ja sabia era só esperar….