Não és o rio, Márcio!
Mas apenas o barco.
Olha que às vezes te deixas levar
e em outras te conduzem.
E também há teus próprios remos.
Mas eis a verdade: não és o rio.
Porém, conforta-te, aqui tens motivos:
como pelo rio, passam por ti as pessoas;
tu mesmo também, como o rio, passas por elas;
como para o rio, miram-te olhares perdidos;
A tu mesmo, como ao rio, dispensam afagos;
sim, ânimo, marinheiro fugaz!
O rio, para sempre, assim mesmo: para sempre,
e tu, por ora, nada mais: por ora,
o rio e tu, tu e o rio, juntos os dois,
conforta-te, porque ides sim,
depois de muitos leitos ou poucos leitos,
juntos os dois, ides sim: para o mar.