Definição da beleza


Escritores, filósofos e pensadores já escreveram tantas teorias sobre a beleza que elas muitas vezes se abraçam nas esquinas das idéias ou simplesmente tomam rumos paralelos e jamais se encontram. O caso é que a beleza, mais do que propriamente intrínseca à subjetividade, é algo superior à própria capacidade de o homem imaginar as formas que a constituem. E, por conseqüência, indefinível sob um ponto de vista concreto.

Como definir a foto que reproduzo aqui? Foi feita pelo fotógrafo Mark Pardew, da Associated Press. O bombeiro David Tree divide a água de sua garrafinha com um coala que se machucou durante um dos terríveis incêndios que assolam a Austrália. Como definir esta imagem? Dizer que ela é simplesmente linda é suficiente? Chamá-la de maravilhosa não parece banal? Tratá-la por divina seria exagero?

Não imagino uma definição para esta imagem. Só sei que ao deparar-me com seus contornos, um sentimento inspirador permite que eu resgate, do limbo, alguns créditos para esta humanidade gasta e desbotada.

Há poucos dias, fui ver o filme “A Troca”. Um filme de Clint Eastwood sempre vale por sua direção ímpar. A obra não chegar a ser uma “Menina de Ouro” nem um “Sobre Meninos e Lobos”, mas está bem acima da porcariada que sempre inunda as salas de cinema. No fim, há uma reação da protagonista em relação à esperança. Ela diz ter recuperado a esperança. E eu digo: este combustível fundamental para a vida.

No caso da cena extraordinária do homem dividindo sua água com o coala, sua maior beleza é exatamente esta: o poder de resgatar a esperança. Vá lá, que seja ao menos uma esperançazinha, mas assim mesmo não deixa de ser uma esperança.

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