Meus amigos caipiras são tantos que nem sei. Os caipiras se atraem (rs). Puxamos a língua para trás para pronunciar o “r” e coisas assim. Para dizer a verdade, eu procuro me policiar quanto a esse detalhe, principalmente quando falo na TV. São os padrões, fazer o quê? Mas não deixa de ser curioso quando certas características são negadas com veemência, como se fosse um crime ser meio assim um “bicho do mato”.
Conheço gente que depois de uma semana no Rio de Janeiro já está falando como os cariocas. Tudo bem que às vezes até dá vontade. Numa ocasião, fui para a Bahia e quis voltar com aquele sotaque, mas não deu.
Os caipiras também têm mais dificuldades para dissimular. Certa vez um amigo levou um papo de horas com uma menina do Leblon. Fez mil maracutaias com a língua para falar como ela. E até que foi bem, não fosse a palavra final: tchau, “amorrr”.
É difícil ver um caipira com duas caras, desses que negam hoje o que disseram ontem. Pode acreditar: caipira até peca pela teimosia, mas é incomum vê-lo levar e trazer. Não dá para ouvi-lo dizer que votou no Kassab para um e na Marta para outro. Se ele disser é porque já não é um caipira original. Ele já deve estar querendo mudar o sotaque.