O coqueiro está lá, embaixo da janela, e me faz lembrar daquele prédio construído numa esquina por onde eu passava a toda hora. Um dia, topei com a obra pronta: – mas o que há? Quem botou isso aí?
Pois com o coqueiro foi do mesmo jeito. Da janela da cozinha, no quinto andar, espiei lá embaixo e o flagrei, na margem da matinha, segurando um cacho de cocos verdelões, redondinhos.
Sem fazer alarde, fica por ali, como se vigiasse sua pequena floresta semi-devastada. Já por duas ou três vezes me peguei lamentando o dia que, triste, há de chegar, para que o cortem sem piedade, assim como fazem com tantos outros.
Mas o curioso desta historinha é que um dia destes, ocupando-me de observá-lo, tive num lapso insano a impressão gratuita de tê-lo visto fitar-me com ar de comiseração. De suas folhas crispadas pelo vento da manhã, varou-me o sentimento, quase mesmo uma certeza, de que ele pensa o mesmo de mim.