Assim como em “A Guerra dos Mundos”, obra visionária e espetacular de HG Wells, publicada em 1898 e que retrata a presença oculta de alienígenas sanguinários na Terra, o interior de São Paulo ou, se quiserem, o interior de todo o país vive um instante de apreensão: eles estão entre nós sem que possamos perceber. Eles, no caso, são os criminosos de grande porte (se é que posso chamá-los assim).
Enquanto levamos nossa vida, cercados pelo que restou da atmosfera tranqüila de outros tempos, eles agem bem ao nosso lado. Aproveitam-se de nossas ilusões paradisíacas que compõem um mundo fictício imune à criminalidade típica dos grandes centros. Preparam seus ataques sem que suas vítimas possam se defender.
De nosso lado, dependemos de forças quase sempre alheias às nossas vontades. Os governos mostram-se, ao longo dos anos, incapazes de enfrentá-los. Hesitam. Chegam mesmo a subestimá-los. Prova disso é a própria queixa dos policiais: o adversário tem sempre munição mais poderosa.
“A Guerra dos Mundos”, uma obra clássica da ficção científica, acaba com os inimigos da humanidade debelados. O caso é que nesta outra guerra, o fim parece estar muito distante. E o pior: nada garante que possamos vencer.
(Artigo publicado em 2006 no jornal BOM DIA)