O IBGE acaba de divulgar uma pesquisa que aponta um aumento em investimentos nas áreas públicas municipais de saúde e educação. Esse tipo de dado deveria vir à tona todos os anos, eis a verdade. Num país como o Brasil, cujos índices de alfabetização são péssimos e cujo respaldo à saúde da população, principalmente nas faixas de menor poder aquisitivo, é deficiente, as necessidades passam prioritariamente por esses setores da vida nacional.
O curioso é que o Brasil é um dos países com maior carga tributária no mundo, e muitos desses impostos têm, ao menos teoricamente, um destino certo: gastos com saúde e educação. O diabo é que o dinheiro nunca é suficiente. Por quê? Seriam necessários mais impostos e outras contribuições como a tal da CPMF para compor um montante mais apropriado de recursos? É fato que a arrecadação de impostos no Brasil está crescendo e que, além disso, o que se recolhe já é de razoável tamanho.
Nosso grande problema ainda é a utilização mal feita dos recursos públicos. O dinheiro do contribuinte chega aos cofres públicos e a partir daí é que são elas. O caminho tortuoso percorrido pelos investimentos, seja por ineficiência, corrupção, desvios para outras áreas com finalidades políticas e coisas assim, é um deserto de areia movediça que de etapa em etapa vai consumindo aos poucos o dinheiro suado da população, cuja maior parte segue mão única: vai, mas não volta.
Uma das provas mais recentes é a farra com o dinheiro de programas sociais do governo federal, como o bolsa-família, utilizado descaradamente por pessoas bem de vida, ao contrário de seu propósito. Quando os governos federal, estadual e municipal tiverem disposição para moralizar a rota percorrida pelo dinheiro público em seu retorno à população, certamente haverá melhores resultados para todos.
Um detalhe: a pesquisa divulgada agora pelo IBGE foi feita com base em números levantados entre 1998 e 2000, ou seja, já faz quatro anos. Quem sabe o que pode ter ocorrido de lá para cá num país em que as estruturas administrativas e morais do poder público são tão frágeis e instáveis?