Subo a serra

Vejo a minha imagem refletida na janela do ônibus se sobrepondo com as
luzes da cidade lá embaixo. As criaturas da noite entram na condução e
me amedrontam com seus rugidos e olhares cortantes. Permaneço imóvel,
não posso demonstrar emoção; eles sentem o cheiro do medo. A cada
curva na escuridão, uma expectativa que algo acontecerá. Representamos
nossos papeis até o momento de saltarem do ônibus. Continuo a minha
viagem, mas o pensamento persiste nestas criaturas. Talvez, tenhamos
algo em comum: escondemos em nossas carcaças uma criança assustada.

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

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