Quando vi algumas caspas no meu casaco azul-marinho, imagens surgiram na minha mente. Eu estava numa floresta gelada, junto com um grupo de pessoas que falavam uma língua estranha. Comecei a sentir odores inéditos e as comidas que me ofereciam também tinham um gosto peculiar. Todos estavam amontoados pelo frio. Quem eram? Será que estas lembranças são verdadeiras ou imaginadas? Coço mais a cabeça, as caspas parecem uma tempestade de neve. De repente, uma nevasca se abateu sobre aquele povo. Tentavam se proteger, muitos morriam congelados. Uma mulher me pegou pelo braço, encontramos uma caverna. Havia mais pessoas. Com o tempo, a caverna virou uma casa para todos nós e nos transformamos numa grande família. Dançávamos em volta da fogueira e oferecíamos um cervo para uma entidade divina.
“Para de coçar a cabeça!! É feio”. Uma voz longe corta o estágio de transe em que estava.
Retornei. Sinto nostalgia desse tempo remoto ou inventado, mas prefiro ficar por aqui.
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