Quando penso na palavra escritor, lembro-me da aula do primeiro período da faculdade, em que o professor explicou a diferença entre política e ciência política. A primeira é a ação, a paixão e a intuição; a segunda analisa a estrutura das relações políticas, sociais e econômicas. Depois, ele argumentou que para ser político pode ser qualquer um: médico, advogado, professor... No caso do escritor também há uma diversidade. Encontramos jornalistas, psiquiatras, sociólogos, engenheiros, desembargadores, entre outros... Para exercer essa função, é preciso ser intuitivo e entrar na ação. Recordo-me dos sambistas e dos repentistas que, com a sensibilidade e o saber da cultura popular, fazem canções cativantes e até críticas sociais. Lógico que não se deve desprezar a leitura; ajuda o desenvolvimento das idéia. Mas se o indivíduo não tiver o dom, não será um contista, romancista e cronista. Seguirá o caminho de ensaísta, pesquisador ou gramático. Tenho uma colega, por exemplo, que escreve muito bem artigos e resenhas. Sua monografia final de curso de graduação foi considerada melhor ou igual a uma tese de doutorado. Nunca quis escrever ficção. Contudo, há pessoas que exercem as duas funções: a de escritores e a de estudiosos, possuindo múltiplas habilidades... Depende muito da aptidão de cada pessoa.
E-mail: dudu.oliva@uol.com.br